Hoje quero falar com você sobre um assunto muito importante: crianças e atividades extras. Está cada vez mais comum as crianças ocuparem seu tempo com outras atividades além da escola: inglês, balé, natação, futebol, artes marciais, pintura, piano, dentre outras.
Com toda a evolução e transformação social, o acesso a cursos e atividades complementares está bem mais fácil. Além de ser uma forma de elas aprenderem outros conteúdos, que não fazem parte das disciplinas ensinadas na sala de aula, isso também preenche o tempo delas, nos horários em que os pais não podem estar presentes.
“É importante nos atentarmos para que todo esse estímulo seja bem dosado, de forma a não acarretar prejuízos no desenvolvimento do seu filho”.
Aline Cestaroli
O que percebo atualmente é que as crianças estão perdendo o tempo para brincar.
O brincar para a criança é algo extremamente importante, pois é através da brincadeira que ela desenvolve a criatividade, estimula a fantasia, o raciocínio e desenvolve habilidades sociais. Brincar é coisa séria! O problema é que muitas crianças não brincam porque não têm tempo e isso é preocupante.
Por mais que todas estas atividades extras trabalhem de forma lúdica, trazendo brincadeiras para tornar mais atrativo, existem nelas uma responsabilidade, exigem um esforço, uma expectativa e ser correspondida.
Mas, então, qual seria o limite ideal das atividades extracurriculares?
É claro que isso pode variar de criança para criança, tanto pela faixa etária, quanto pela energia e disposição de cada uma. Enquanto algumas respondem super bem fazendo diversas atividades, outras sentem-se mais cansadas com apenas uma.
O importante é que você observe o comportamento do seu filho e como ele responde aos estímulos. A criança vai apresentar certos sintomas quando estiver além de seus limites. Muito provavelmente ela não conseguirá dizer isso através de palavras, mas expressará em ações todo o estresse que está experienciando – birras, humor irritável, dificuldade para dormir, para acordar, desânimo, dificuldades de aprendizagem, notas baixas, são alguns dos sintomas mais comuns.
Devemos nos atentar se ao realizar tais atividades, a criança está feliz e motivada.
Dois pontos muitos importantes que precisamos refletir:
- Pode ser que a criança peça para fazer uma determinada atividade, mas um ou dois meses depois ela não queira mais. Geralmente os pais ficam sem saber o que fazer, enquanto uns insistem para que a criança vá até o final, mesmo não estando felizes, outros aceitam a vontade dela. Não existe certo ou errado, o importante é identificarmos qual é a fonte deste comportamento. Como a criança está em uma fase de descoberta, é normal que ela queira se envolver em várias atividades, até encontrar aquela que realmente sinta prazer em realizar. Mas se a criança tem o hábito de iniciar uma tarefa e duas ou três aulas depois já quer desistir, acredito que vale a pena fazer alguns combinados e ajudá-la a se conhecer e a pensar melhor em suas escolhas antes de agir.
- Outro ponto que é muito comum é os pais imporem aos filhos e quererem que eles façam todas estas atividades porque em sua infância não tiveram a mesma oportunidade. Por exemplo, um pai que, quando menino, sonhava em ser jogador de futebol e agora torce para este sonho se realizar no filho. Só que, às vezes, a criança não tem interesse por esta modalidade. É fundamental que os pais tenham humildade de perguntar à criança o que elas realmente gostariam de fazer, qual é o desejo delas.
Portanto, converse com o seu filho sobre as atividades que ele realiza hoje. Pergunte a ele quais ele gosta, como ele se sente, observe como está o rendimento dele e, principalmente, observe se ele tem tempo livre o suficiente para brincar e ser criança, afinal, ele terá a vida toda pela frente para ter compromissos com hora marcada, agenda lotada e tudo o mais da vida adulta.
Seguimos juntos encorajando pais e fortalecendo as famílias!
Com carinho,
Aline Cestaroli