Você acredita que as crianças de hoje não obedecem mais como antigamente? Você precisa falar mil vezes a mesma coisa para que seu filho te obedeça? Tem dificuldade para estabelecer limites aos filhos? Sente que está prestes a explodir? Não se sente respeitada pelo seu filho? Todo dia é uma confusão entre os filhos na hora das refeições? Precisa brigar e se exaltar para que seu filho atenda seu pedido? Tarefas diárias como tomar banho, comer, escovar os dentes ou dormir são sempre momentos que geram conflito?
É, educar e formar outro ser humano não é tarefa fácil. Ajudar a criança a se desenvolver e adquirir habilidades que são necessárias para a construção de uma vida feliz requer muita disciplina e consciência. A disciplina é um fator essencial na educação, pois é através dela que conseguimos moldar o comportamento da criança e transmitir os valores familiares para que ela se torne um adulto responsável e que contribua para a construção de um mundo melhor.
Quando aplicada de forma correta, a disciplina torna a vida de toda a família mais simples, alegre e divertida.
Podemos dizer que aquele modelo de educação baseado no autoritarismo, em que o pai era o soberano e todos os outros integrantes da família, inclusive a mãe, deveriam obedecer e serem submissos, já não existe mais. Hoje todas as pessoas exigem serem tratadas com dignidade e respeito, inclusive as crianças.
Isso não significa dizer que a família não precise de liderança, muito pelo contrário, as crianças precisam sim de regras, limites e de alguém que as oriente nos caminhos da vida.
“Os pais são os líderes da família e, como bons líderes, precisam ter a coragem e assumir a responsabilidade de despertar o potencial dos filhos”
Aline Cestaroli
Um bom líder é aquele capaz de extrair o melhor de cada pessoa, é uma pessoa íntegra, entusiasmada e que sabe, ao mesmo tempo, demonstrar firmeza e motivar os que estão ao seu redor. Um bom líder precisa ter iniciativa, flexibilidade, responsabilidade, determinação, garra, dinamismo, zelo e serenidade para saber qual o momento certo para seguir a razão ou emoção, ser capaz de adaptar às mudanças constantes e disposição para defender suas convicções, tudo isso sem desprezar o ponto de vista das outras pessoas.
Ser líder não é uma tarefa fácil, assim como desenvolver todas as qualidades necessárias para assumir essa posição. O mais importante é tentar buscar o máximo possível das virtudes de um líder, procurando sempre ser uma pessoa melhor. Toda habilidade é adquirida com esforço, prática e repetição.
Os pais são os maiores exemplos dos filhos e por isso precisam ser os líderes da casa e da família, para que as crianças consigam desenvolver responsabilidade e confiança para lidarem com os altos e baixos da vida.
Se você deseja extrair o melhor do seu filho, não é saudável que você aja com rigidez e autoritarismo, nem com permissividade.
A Disciplina Positiva, desenvolvida por Jane Nelsen e uma das bases teóricas da Educação e Parentalidade Encorajadora – apresenta uma abordagem que não inclui controle excessivo ou permissividade, pois é baseada em respeito mútuo e cooperação. Em seus estudos, Jane Nelsen identificou 7 percepções e habilidades significativas necessárias ao desenvolvimento de pessoas capazes:
- Forte percepção das habilidades pessoais – “Eu sou capaz”. Observe seu filho, veja como ele reage quando consegue fazer algo sozinho. No consultório observo as crianças buscarem por autonomia e ficarem muito satisfeitas quando conseguem, por exemplo, recortar o desenho com a tesoura, mesmo que não fique com a mesma qualidade do recorte de um adulto. Para elas, a importância está na conquista e não no resultado final. Negligenciamos o desenvolvimento dessas habilidades quando fazemos pela criança aquilo que ela já é capaz de fazer sozinha, quando não a deixamos experimentar ou quando não lhe damos permissão para errar.
- Forte percepção sobre sua importância nas relações primárias – “Eu contribuo de maneira significativa e sou genuinamente necessário”. Experimente delegar alguma atividade que esteja de acordo com a idade dele: retirar os pratos da mesa após o jantar, arrumar a cama, organizar os brinquedos, ajudar na preparação do café da manhã.
- Forte percepção de seu poder ou influência pessoal sobre a própria vida – “Eu posso influenciar as coisas que acontecem comigo”. Quando você lhe dá a possibilidade de escolha dentro dos limites que você pré-estabeleceu, ele sente que tem sua liberdade respeitada. Você pode combinar com ele e construir juntos um quadro de rotina, levando em conta a opinião dele em relação ao melhor horário para fazer as tarefas da escola, por exemplo. Também pode oferecer duas ou três opções de roupa e pedir para ele escolher qual deseja vestir. Busque situações do seu dia a dia que possam estimular a independência do seu filho.
- Forte habilidade intrapessoal: habilidade de entender suas próprias emoções e de usar esse entendimento para desenvolver autodisciplina e autocontrole. Você pode apoiá-lo no preparo emocional, ajudando a nomear suas emoções e buscando comportamentos saudáveis para expressar seus sentimentos. É importante ter em mente que todo sentimento é aceitável, mas nem todo comportamento o é.
- Forte habilidade interpessoal: habilidade de trabalhar com os outros e desenvolver amizades por meio de comunicação, cooperação, negociação, troca, empatia e escuta ativa. Aproveite os conflitos entre irmãos ou com os colegas para estimular a criança a desenvolver um raciocínio pautado na solução, buscando alternativas para lidar com as situações. Você mesma pode agir desta maneira com a criança, ouvindo o que ela tem a dizer, demonstrando interesse em ajudá-la e cooperar para solucionar o problema.
- Forte habilidade sistêmica: a capacidade de lidar com os limites e consequências da vida cotidiana com responsabilidade, adaptabilidade, flexibilidade e integridade. Permitir que seu filho passe pela experiência da frustração é fundamental para que ele aprenda a lidar com as situações adversas que encontrará ao longo da vida.
- Forte habilidade de avaliação: habilidade de usar a sabedoria para avaliar as situações de acordo com valores apropriados. Substituir os sermões por perguntas que estimulem o pensamento crítico é uma excelente maneira de ensinar essas habilidades. Quando seu filho ultrapassar algum limite, você pode lhe fazer perguntas do tipo: O que aconteceu? Por que acha que isso aconteceu? O que você aprendeu com essa situação? Como poderá fazer diferente da próxima vez?
Ajudar seu filho a desenvolver essas habilidades é a melhor garantia de que ele tenha uma vida feliz.
Seguimos juntos encorajando pais e fortalecendo as famílias!
Com carinho,
Aline Cestaroli